Jeisa Santana

 
Trabalhadora da Escola Municipal Maria da Conceição Santiago Imbassahy, localizada no Beiru, Jeisa se interessou pela proposta da fotografia quando viu o cartaz que havíamos colado na porta da escola fechada por conta da pandemia. Hoje com 38 anos, é moradora da região desde os seus 10, e mesmo depois que cresceu e se casou, continuou vivendo no Beiru. Como todas as histórias de vida em que nos emocionamos ao ter contato mais de perto através do projeto, no dia em que a foto de Jeisa foi realizada – 26 de fevereiro de 2021 – completava-se exatamente um ano em que ela havia se separado do marido, com quem foi casada durante quase vinte anos. Um ano em que, segundo ela, desabrochara para vida, sem medo, se permitindo fazer algo que sempre quis. Jeisa viveu por muitos anos uma relação abusiva, de muita posse, muito ciúme, da qual nasceram seus três filhos, que viram sua mãe murchar por completo no mar da ansiedade e da depressão. Desde nova, se interessava por arte, mais especificamente por fotografia, mas seus desejos foram ficando para trás com a vida que até então levava. No embalo de novos ares com a retomada das rédeas da sua existência, resolveu nos procurar para participar do projeto. Sempre quis ser fotografada, sempre foi muito bonita, tinha vontade de modelar. Teve seu desejo satisfeito nesta sessão de fotos e hoje nutre outra grande vontade: escrever um livro sobre sua história, pois a cada notícia de feminicídio ou agressão contra mulher, sente como se fosse com ela. Documentar sua experiência vai servir para mostrar a outras mulheres que é possível se livrar de uma relação abusiva, dando o primeiro grande passo: saindo viva, mesmo que com a roupa do corpo, mas pronta para recomeçar como ela fez. Vida longa à sua constante metamorfose, Jeisa, como você afirma em seu perfil. Venha escrever seu livro aqui, na Pinacoteca. E traga seus filhos porque este lugar é também para eles viverem contigo a força e o poder da transformação que vem da arte. Para Anderson, sua pintura faz referência à beleza ancestral da Mulher Negra, a relação contemporânea e direta com a Orixá Oxum, deusa da beleza e dos encantos.