Morador aqui da Rua Irmã Dulce, Anderson tirou essa foto bem no início do ateliê, na mesma época em que produzia as obras para sua exposição na França, em 2016. Maurício simboliza a alegria e a beleza de um povo gentil, humano e que apesar da realidade histórica que construiu e solidifica realidades presentes, segue em frente com seu sorriso, seu carisma. Foi uma das inúmeras pessoas que passavam diariamente na porta do ateliê naquele início de tudo, e parava para matar sua curiosidade sobre um artista pintando na comunidade. Em uma das conversas sobre as obras que Anderson pintava, com um cachorrinho na mão, Maurício queria saber quem eram aquelas pessoas, jovens negros retratados nos quais ele se reconhecia, imagens captadas em 2010 quando o artista esteve em Luanda, Angola, e as quais espelhavam realidades parecidas e uma mesma verdade contada em duas margens do Atlântico. Uma verdade transatlântica, histórias de pessoas que se perderam na vastidão do cotidiano nas grandes periferias. Depois dessa foto, Mauricio sumiu. Dizem que se mudou, e assim esperamos, porque acreditamos que todos merecem ter uma vida digna, próspera e com muitas oportunidades.