Nascida e criada nas Barreiras, região do Cabula, Lilian é prima, afilhada, conselheira e família de Anderson AC. Nesta região, quando criança, Lilian brincou muito na Praça do ACM, estudou na região e, segundo ela, pegou muito cinema de R$1,00 na companhia de seu pai, na entrada de São Gonçalo. Foi sua mãe Lenita que apresentou o mundo das artes para Anderson AC, quando ele ainda era muito pequeno. Foi uma figura muito importante para o artista, tanto quanto sua filha Lilian hoje, na concretização deste trabalho, que se alia a toda a sua formação e experiência como artista visual ao longo dos seus mais de 15 anos de trabalho. Lilian conhece o prédio da Pinacoteca desde muito antes de ser adquirido por Anderson, que assim como ela, é sobrinho de Tio Lauro, advogado que ajudou muita gente na região, e que nos anos 90 fazia desse lugar uma espécie de escritório, depois de tê-lo ganhado como pagamento de uma causa advocatícia. Ele sempre falava que gostaria que fosse Anderson o dono do espaço, pois sua irmã, Dona Vera, mãe do artista, certa vez tentou emplacar uma bomboniere no local e o empreendimento não vingou. Quando Seu Lauro parou de advogar para cuidar de sua saúde, concretizou seu desejo para que Anderson adquirisse o lugar e fizesse dali seu ateliê de pintura, já que o artista estava sem espaço grande o suficiente para produção de suas obras de grandes dimensões. Lilian, que também se tornou advogada, lembra bem como o prédio estava abandonado no momento em que o acordo entre tio e sobrinho se concretizou. Para ela, o estabelecimento do ateliê, que se desenvolve como a primeira pinacoteca de Salvador, tem um significado muito nobre, uma vez que ela acompanhou com muito carinho muitas das dificuldades enfrentadas por Anderson após a perda dos seus pais. Lilian conhece o quanto seu primo – e padrinho – entende das dificuldades que as pessoas periféricas enfrentam, e como moradora da região e pessoa presente em todo esse processo, foi peça fundamental para que tudo isso hoje se tornasse possível.