Das moradoras mais antigas da região, Dona Didi tem o Beiru como sua casa desde 1989, quando a região ainda com sua mata preponderante, só contava com “quatro barracos”, entre as densas mangueiras e jaqueiras. Foi ela uma das responsáveis por um protesto muito marcante na época, que trouxe o fogo como ferramenta para chamar a atenção das autoridades, e que permitiu o início da urbanização do bairro, com água encanada e energia elétrica. Verdadeira andarilha, morou em diversos bairros da cidade antes de se fixar no Beiru, criando seus quatro filhos sozinha e com muita criatividade, diante da realidade misógina que maltrata, que bate e que mata milhares de nossas mulheres todos os dias. Dona Didi é proprietária de um bar de destilados, comércio que pratica desde sempre, em todos os lugares por onde morou. É nossa vizinha de parede e nossa sempre palavra acolhedora, de carinho e de bênçãos. Amiga antiga de Seu Lauro, tio de Anderson, ex advogado da região e ex proprietário do lugar, Dona Didi se emociona ao lembrar do amigo já falecido, que é reconhecido pela assistência jurídica que sempre prestou a centenas de pessoas da comunidade enquanto vivo. Desde que Anderson adquiriu o prédio em 2015, Dona Didi fora apresentada por Lauro como alguém em que ele podia contar por ali. E assim o é. Depois da aquisição do espaço e de sua reformulação em um centro de artes, Dona Didi nos diz que o trabalho de Anderson é muito importante porque se trata de um patrimônio de suas vidas. Dona Didi acompanhou muitas mudanças no Beiru e se assegura em dizer que o bairro segue sendo muito bom para se viver.