O momento do registro da foto de Roberto aconteceu durante as longas semanas de trabalho da última reforma que transformou o antigo ateliê de Anderson na Pinacoteca do Beiru. Exímio profissional, competente, ágil e honesto, investiu tempo e cuidado na lenta transformação do piso térreo neste significante e verdadeiro espaço expositivo, galeria de arte no meio da favela. Anderson se assustou ao conhecer Roberto, à época construindo uma casa sozinho, mas que começou a acompanhar, sempre que podia, o processo de construção da Pinacoteca, vislumbrando a possibilidade de ele realizar as últimas modificações do espaço. Foi ele, juntamente com Marajá e Gilson, e eventualmente Sandro, que requalificou o térreo do prédio, único piso dos três que, ao longo dos cinco anos em que Anderson está no local, ainda não havia sofrido uma reforma mais consistente. O piso era totalmente irregular, as paredes também, mas o formato do espaço já incitava um espaço expositivo, o qual foi Roberto que deu a forma. Para Anderson, esta obra inspirada em sua imagem personifica a força bruta aliada à honestidade e ao esmero de fazer sempre o melhor. Roberto é mais um exemplo da força dos homens negros que construíram o verdadeiro Brasil, o Brasil de fato. Não poderíamos deixar de contemplá-lo, seu exemplo de como o trabalho dignifica o homem iniciou também o nosso nesta significativa transformação de um prédio abandonado em uma verdadeira escultura social.